segunda-feira, 25 de junho de 2007

A morte do leitor - 2

Giovanna Dealtry



A questão realmente atordoante é onde se coloca esse leitor contemporâneo. De que formas lemos? Ou perdemos a capacidade de ler? De reconhecer caracteres, signos e formular sentidos, ainda que temporários, para esses vislumbres. Não por acaso cinema, filosofia, literatura andam pesquisando ultimamente as fronteiras entre cegueira/visão. A lista é imensa, passando por Ensaio sobre a cegueira, Dançando no Escuro, Janela da Alma, A pessoa é para o que nasce etc. Meu amigo Sérgio Mota escreveu uma tese justamente sobre esse tema: não estaremos todos nós diante da proliferação excessiva das imagens nos tornando incapacitados para a leitura? Parece simples, a princípio, contrapor imagem e texto e responsabilizar nossa era de paraísos simulacrais pelo abandono da nossa capacidade de ler. No entanto, entre uma palavra e outra sempre há espaço. O respiro. Pausa interna ou externa, momento em que verdadeiramente a leitura se dá. A cidade video-clipe não permite pausas, só cortes secos e raras fusões. Ler é identificar lacunas?








(Un chien andalou - Buñuel/Dali - 1928)

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que minha geração é a mais afetada pela espetacularização da imagem. Estamos caminhando para a cegueira, para a falta de senso crítico e para a impossibilidade de "identificar lacunas" na leitura. Quem da minha geração lê livros? Não conseguem nem ler as imagens... um amigo exibiu em aula "Crime Delicado" (Beto Brant) e depois perguntou aos alunos sobre o que se tratava. Os poucos que esboçaram reação resumiram o filme como a história de um artista que quer transar com a modelo. Lamentável...

Giovanna Dealtry e Stefania Chiarelli disse...

Oi, querido
Bom te ver por aqui! (É assim que se fala em bloguês? Que medo!)
Pois é, procura-se um leitor desesperadamente!
Gio